sábado, 6 de outubro de 2007

Alguma objetividade na fossa...


De vez em quando, me deparo com as gravuras de Francisco Goya (1746-1828) e reflito sobre questões que rodeiam meu cotidiano. Goya retratava em suas gravuras muitas de suas frustrações, dores e sensações indesejadas. Bom, pelo menos é a aparente mensagem que ele nos deixou. Em algumas obras, Goya utiliza a ridicularização de uma forma tão peculiar que impõe espanto. Retrata não só a dor do ridicularizado, mas também a satisfação "perversa" do ridicularizador. Goya era, aparentemente, muito exigente e duro consigo mesmo. Me identifico com ele nesse quesito. Porém, tais exigências nos demandam muita energia e nos levam para estados desanimadores. Mas em algum lugar lá em baixo, acredito que o próprio Eu passa a ridicularizar-se! Passo a ver a força que tenho para reerguer-me e como é fútil sofrer, apesar de estar presente e insistente, a dor. O difícil é lidar com a vergonha de si. Por isso que abomino livros de auto-ajuda, pois, julgo-os deliberadamente enlouquecedores. Sim, enlouquecedores! Eles incutem no sujeito uma auto-exigência e um sentimento de culpa pela inatingibilidade dos objetivos impostos sem precedentes!
Por isso, fico com Goya ao retratar, em meus desenhos e meus textos as lições que a fossa nos dá... e como é fácil e ridículo sair dela.

Fui.

PS. Pernilongos são um inferno na Terra.

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